A que Deus nos
chama? Qual é nosso chamado, nossa vocação?
No
início dos tempos, Deus livremente, com suas mãos de artista, nos tirou do nada
e nos modelou à sua imagem e semelhança. “Deus formou o homem do barro da
terra, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida e o fez vivente” (Gen. 2)
O
primeiro chamado de Deus fez para o homem foi o convite à vida. Deus nos formou
desde a eternidade para vivermos em profunda intimidade com Ele, ou seja, uma
relação de amizade plena com o Criador.
Na
sua carta a Timóteo, São Paulo nos ensina que “Deus nos salvou e chamou para a
santidade, não em virtude das nossas obras, mas em virtude do seu desígnio, de
graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus” (Tim. 1,9). Assim, a
nossa vocação, desde sempre, antes mesmo que existíssemos, é a santidade. Muito
antes que tivéssemos feito bem ou mal, o Senhor nos chamou. Mas podemos
perguntar: O que é ser santo?
Santa
Teresa D’Ávila diz que ser santo é viver sob a graça de Deus. A graça que nos
impulsiona a viver como Jesus, a imitá-lo em todas as suas ações, a ser
discípulos de Cristo. Ser santo é viver ao lado do Senhor três vezes Santo.
O que é ser discípulo?
Ser discípulo não é apenas cumprir
as regras ou preceitos. Atitudes com ser honesto, pontual, bom marido (esposa),
ser bom vizinho, bom profissional, são frutos da graça em nossas vidas, mas não
encerram a vontade de Deus para as nossas vidas. Ele quer muito mais de nós.
Ser discípulo de Jesus é imitá-lo em
todas as suas ações, inclusive no extraordinário.
No
Evangelho segundo São Mateus, capítulo 19, encontramos a passagem do jovem rico
que tantas vezes lemos e meditamos. Aquele jovem cumpria todos os mandamentos desde
sua infância e passava que isso era tudo o que Deus queria dele. Certamente ele
já tinha ouvido falar das pregações de Jesus e de como o Senhor repreendia a
hipocrisia dos fariseus e doutores da Lei. Aproximou-se de Jesus com um certo
ar de superioridade em relação aso outros, crendo que Jesus o exaltaria por
haver cumprido os mandamentos com sinceridade desde a infância. O Senhor
realmente percebe a retidão do seu coração no cumprimento da Lei e o convida a
seguí-lo, o convida à perfeição, o convida à santidade.
Com
suas palavras, como numa das várias curas que realizou, Jesus abre-lhe os olhos
e faz-lhe enxergar que a Lei não é o bastante para conquistar o Reino dos Céus,
ou seja, para estar na santidade, na amizade plena com o senhor.
O
convite do Senhor ficou sem resposta. Não se sabe o que aconteceu com aquele
jovem, mas esse episódio nos leva a refletir sobre a nossa realidade: hoje
somos nós a quem o Senhor convida para ser seus discípulos e segui-lo na
santidade e no amor.
“Se
fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa merecereis?” (Lc 6,33)
A
igreja nos ensina: “Tornar-se discípulo de Jesus é aceitar o convite de
pertencer à família de Deus, de viver conforme a sua maneira de viver. ‘Aquele
que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe’
Mt 12,50” (Catecismo nº 2233).
“O discípulo não nasce feito, ele é
fruto da graça e da formação”.
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